26 nov Contextualização para jovens na pós-modernidade: reflexões para a liderança local | Por Felipe Nakamura
E ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado, até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo. (Ef 4.11-13 NVI)
Introdução
Uma aspiração comum às lideranças cristãs é a de ter, em sua igreja, jovens que alcancem a maturidade da fé, pois pode ser um indicativo que permite a projeção de boas perspectivas para o futuro, tanto da igreja como dos próprios jovens. Porém, as transformações na pós-modernidade[1], são velozes e o trabalho de criar condições para que os jovens alcancem a maturidade é cada vez mais desafiador. As mudanças não acontecem somente nos campos tecnológico ou virtual, mas são paradigmáticas, ocorrendo, também, na cosmovisão.
Períodos de transformações podem causar receio, medo, retração e até mesmo aversão, porque representam ameaça ao status quo. De modo geral, o que é diferente causa incômodo. Especialmente no exercício de lembrar que o protestantismo se solidificou em um período de ênfase na objetividade, da ciência empírica reguladora, sistemática e controlada, que influenciou por séculos, e ainda influencia, a forma como a Bíblia é interpretada. Qualquer menção de mudança causa desconfiança, principalmente ao conhecer as características do pós-modernismo como, por exemplo, a resistência “às explicações unificadas, abrangentes e universalmente válidas. Ele as substitui por um respeito pela diferença e pela celebração do local e do particular à custa do universal” (Grenz, 2008, p. 26).
Entretanto, é necessário compreender que, ao desejar que os jovens alcancem a maturidade da fé, é fundamental conhecer um pouco melhor as características do pós-modernismo, afinal, essa é a cosmovisão em que eles estão inseridos. É indispensável ter uma sabedoria paulina que consiga dialogar com os diferentes por meio de uma mensagem que faça sentido, que seja contextualizada (1Co 9.19-23). Contextualizar sempre é um desafio, qualquer que seja a mensagem. A mensagem de fé contida na Bíblia não é diferente, talvez seja até mais conflituosa, por conta do distanciamento temporal, geográfico e cultural. Assim sendo, quais reflexões podem ser feitas para que o trabalho com jovens aconteça de maneira contextualizada na pós-modernidade, a fim de que alcancem a maturidade?
O objetivo deste ensaio é propor reflexões sobre temas e ações contextualizadas para jovens na pós-modernidade. Não estou preocupado em soluções imediatas ou indicar algum modelo a ser seguido, antes, pretendo instigar uma reflexão para que cada líder discuta com sua comunidade e pense em possibilidades para sua realidade local. Isso será realizado a partir de duas frentes: a) observação de alguns aspectos do pensamento pós-moderno; e, b) possibilidades de temas e ações contextualizadas para jovens na pós-modernidade.
Aspectos da pós-modernidade
Para que uma contextualização atinja seu objetivo, o emissor precisa saber quem são seus receptores. Vejamos um exemplo bíblico em Atos 2, no discurso de Pedro. Ele fala em Jerusalém para pessoas que já sabiam, ou pelo menos já tinham ouvido falar, quem era o profeta Joel e o rei Davi, e conseguiu contextualizar sua mensagem, pois todos também sabiam quem era Jesus de Nazaré (cf. Lc 24.18). Da mesma forma, conhecer melhor os aspectos do pensamento pós-moderno, trará algumas pistas para o trabalho com os jovens.
O pensamento pós-moderno envolve transformações desde o campo das artes, das expressões culturais, até ao campo científico. Por se tratar de um tema amplo e com alterações radicais, não serão abordadas, aqui, suas origens e nem mesmo será feita a tentativa de esgotar a temática neste ensaio. De acordo com John Daniel (2003, p. 331): “O pós-modernismo não é um quadro coerente de conceitos erigidos em torno de um princípio central. Se o modernismo era, essencialmente, objetivo, o pós-modernismo é, em grande parte, subjetivo”. Sendo assim, as grandes narrativas, verdades universais compreendidas como sólidas, são deixadas de lado para dar lugar às narrativas e verdades locais, o que remete a terminologia utilizada por Zygmunt Bauman, “mundo líquido”. Considerando isso, este ensaio se limitará a alguns aspectos mencionados por John Daniel (2003) e Stanley J. Grenz (2008) sobre o fenômeno em questão.
Apesar de não ser um quadro com fronteiras bem estabelecidas, a ruptura radical no pensamento pós-moderno com o pensamento moderno, pode ser elencada como uma tônica. O iluminismo trouxe um ideal de progresso inevitável diante das descobertas e consolidação da ciência empírica, porém, os pós-modernos têm dificuldades para enxergar que o futuro será necessariamente de avanços e são tomados pelo pessimismo de que talvez o mundo não será um lugar razoável para se viver. Isso exerce influência para que as questões ambientais sejam uma grande pauta na atualidade, o reflexo disso pode ser observado no apelo para soluções ecologicamente sustentáveis. Nas últimas décadas, a percepção sobre os recursos naturais mudou consideravelmente e, diante disso, vemos, por exemplo, multinacionais organizando ações de cooperação em prol do meio ambiente, ainda que com interesses capitalistas por trás, acabam sendo um reflexo do pensamento de cuidado com a Terra e preservação da espécie humana.
A preocupação com a preservação da espécie pode ligar a outro aspecto do pós-modernismo: a aproximação de um pensamento holístico, integral. É o pensar na espécie humana, não somente no “eu” como um indivíduo no mundo. Além disso, esse pensamento holístico, não considera o ser humano apenas a partir da sua racionalidade, mas envolve outras dimensões da vida pessoal e relacional, como os sentimentos e intuições. Conforme diz Grenz (2008, p. 28): “Os pós-modernos não procuram ser indivíduos totalmente dedicados a si mesmos, desejam, isto sim, ser pessoas ‘completas’”. Ou seja, vão além do individualismo e racionalismo moderno e possuem um olhar amplo e comunitário. Neste ponto, é possível levantar um paradoxo bastante curioso, que é a não aceitação de verdades universais e grandes narrativas, buscadas pelo modernismo. Ao mesmo tempo em que os pós-modernos pensam comunitariamente na humanidade e no ser humano como alguém complexo, rejeitam o estabelecimento de uma verdade[2] para todos.
A explicação para esse paradoxo está na consciência de grupo e nas narrativas locais. A verdade se torna relativa ao grupo que participa, não é vista como universal, mas a partir da narrativa local, traz sentido e significado ao grupo, isto é, possui um aspecto funcional. Nos anos 1990 e 2000, os filmes norte-americanos adolescentes retrataram bem a ideia das “tribos”: os excluídos, os populares, os esportistas, por exemplo. Cada participante do grupo se preocupa com a manutenção do grupo e mantém a fidelidade à verdade do grupo. Aqui estão outras três características importantes no pós-modernismo: grupos ou comunidades, pluralidade e relativismo.
Como cada comunidade possui sua própria verdade, há pluralidade de grupos. Não é muito difícil fazer um paralelo com as igrejas evangélicas no Brasil atualmente. A cada esquina há uma igreja diferente, com uma doutrina diferente e um modo diferente de vivenciar a espiritualidade. Ao lermos essas características, talvez fiquemos impressionados de como já vivenciamos o pós-modernismo sem muitas vezes percebê-la. Apesar do misto de receio, medo e aversão, diante dessa percepção de imersão, podemos abaixar nossos escudos de resistência e tentar elaborar reflexões com temas e ações contextualizadas para os jovens.
Possibilidades de temas e ações contextualizadas na pós-modernidade
Talvez uma pergunta que todos os líderes queiram e estão tentando responder é: como desenvolver um trabalho com os jovens de maneira contextualizada na pós-modernidade sem ser relativista? Daniel (2003) descreve um pós-moderno como alguém que pode ter, em um mesmo dia, práticas religiosas e alimentares que são completamente diferentes entre si, sem se preocupar com isso. Grenz (2008, p. 30) complementa afirmando que não há problema para um pós-moderno “misturar elementos de sistemas de crenças tradicionalmente considerados incompatíveis”. Junto com tudo isso, ainda há um agravante: a dificuldade de pensar em propostas contextualizadas considerando que os jovens vivem uma mistura do que é pré-moderno com o moderno e o pós-moderno (Daniel, 2003).
Ainda assim, parece ser possível refletir sobre alguns caminhos a partir de características do pós-modernismo para pensar em contextualização. Um dos caminhos é relacionar temas bíblicos para trabalhar. Outro caminho seria pensar em ações. Como temas, é válido elencar: o cuidado com a criação, a coletividade e a diversidade. Como ações ligadas aos temas, é pertinente citar: a interdependência, conforme Efésios 4.11-13, e a leitura bíblica comprometida integralmente com o senhorio de Jesus.
O cuidado com a criação é uma diretriz que se demonstra necessária e já tem sido apontada como uma temática a ser trabalhada, como fez Justo González (2014), que colocou o diálogo Teologia e Ecologia como um desafio para o pensamento cristão no século XXI. Ao abordar o assunto, propôs uma revisitação ao texto de Gênesis como ponto de partida para tratar essa relação na atualidade. Segundo ele, o domínio que Deus dá ao ser humano sobre a criação “está atado à imagem e semelhança de Deus. Não é um senhorio despótico, que se possa exercer para a morte e para a vida. É senhorio em semelhança ao senhorio de Deus” (González, 2014, p. 38).
Ao observar a crítica do pós-modernismo em comparação com o modernismo na questão ecológica, é fácil identificar que a irresponsabilidade do ser humano para com o meio ambiente é a principal crítica. Os recursos naturais, vistos como inesgotáveis nos séculos anteriores, já não parecem tão inesgotáveis assim. Diante disso, será que uma mensagem de confissão e arrependimento pela forma como a criação de Deus é tratada, não se faz necessária hoje? “A esperança cristã não é apenas escatológica, mas, ao mesmo tempo, também ecológica” (González, 2014, p. 51).
Um ensino bíblico que envolva o cuidado com a criação de Deus parece ser contextual, ainda mais considerando que, para que algo seja realmente efetivo, é necessária uma ação coletiva, pois, ninguém consegue uma mudança significativa sozinho, mas compartilha a responsabilidade com outros. Isso faz pensar sobre o que Grenz (2008) diz: que o caráter do evangelho cristão na pós-modernidade é pós-individualista. Conforme falado anteriormente, o pós-modernismo possui uma concepção de comunidade. Sendo assim, é válido abordar o tema da espiritualidade em seu caráter coletivo, comunitário, social. Isto é desafiador, ainda mais considerando que os relacionamentos da pós-modernidade podem assumir um caráter apenas funcional, ou seja, me relaciono apenas enquanto o outro me é útil.
Na modernidade, muito se enfatizou o individualismo, porém, é possível buscar, na temática da Trindade, uma revelação do relacionamento comunitário, como propõe Ricardo Barbosa de Sousa (2017). Assim como González (2014), Sousa (2017) também ressalta a importância de olhar para a criação em Gênesis. Parece ser importante voltar aos textos sobre a criação e fazer uma releitura dos propósitos divinos. “A imago Dei plantada no homem no ato da criação é a imagem da Trindade, a qual é, na sua essência, comunitária” (Sousa, 2017, p. 53). Muito se pode aprender e compartilhar sobre uma espiritualidade comunitária baseada na Trindade. É uma espiritualidade essencialmente relacional, preocupada com tudo o que foi criado.
Nessa espiritualidade, o ser humano percebe a si mesmo a partir dos relacionamentos que desenvolve. “A amizade, a partir da compreensão da natureza trinitária de Deus, é um instrumento poderoso para o relacionamento com Deus e para o conhecimento de nós mesmos” (Sousa, 2017, p. 63). Ao falar da Trindade, é importante considerar o que há além dos aspectos funcionais e tratar do relacionamento, que só pode ser compreendido a partir de uma experiência comunitária de amor. Essa experiência vai além da razão. Envolve a pessoa por inteiro.
Isto significa que se aprende mais sobre Deus e o relacionamento Pai, Filho e Espírito, quando se vivencia a comunhão: a ação de dar e receber, perdoar e ser perdoado, sem visar controle ou poder. Grenz (2008), diz que os pós-modernos querem ver pessoas que vivenciam relacionamento verdadeiros, terapêuticos e autênticos. Nesse sentido, além de aprender com a Trindade, é válido abordar o tema dos outros relacionamentos na Bíblia, que estão longe da perfeição, mas são, por vezes, incentivo para a reconciliação, respeito e amor. Isso é possível perceber no discurso do apóstolo Paulo falando sobre o Corpo de Cristo em 1 Coríntios 12-14 e essa metáfora é utilizada, também, em Colossenses 1 e 2 e em Efésios 4.
A comparação que ele faz é bem pertinente para a contextualização hoje, pois demonstra a coletividade e pluralidade, ao mesmo tempo em que fala sobre pertencimento. Essa é, de fato, uma temática pós-moderna e celebra a diversidade de dons, ministérios, características recebidas quando se faz parte de um Corpo, que não é voltado para si, mas para servir às outras partes. O trecho de Efésios 4.11-13 é a ponte para a última parte deste ensaio, que aborda as ações.
Ao falar de que são diferentes as características ou dons ministeriais, Paulo ressalta a importância de um trabalho em conjunto para que todos alcancem unidade, maturidade e conhecimento do Filho de Deus, ou seja, para conhecer a Jesus é preciso andar em interdependência. Muitas igrejas ainda insistem em uma hierarquia enrijecida, na qual o(a) pastor(a) é responsável por todas as tarefas. É ele(a) quem cuida, ensina, visita, evangeliza, e a proposta paulina não é essa. Trabalhar essa consciência com os jovens é importante para que eles saibam que são participantes da Missão, além de possibilitar que não haja sobrecarga no trabalho da liderança e gerar bons frutos no futuro.
A interdependência envolve o “outro”. De acordo com o filósofo argentino Enrique Dussel, o outro é o que é exterior ao meu mundo, que não pode ser dito como totalmente conhecido pois, é “um mistério incompreensível em seu resto escatológico de liberdade enquanto me abrir a ele como outro homem” (Dussel, 1973, p. 116). Aqui, temos um ponto a ser refletido: na concepção moderna, parece que há um padrão a ser alcançado, em que, conforme mencionado, o(a) pastor(a) é responsável por fazer tudo. Na ideia de Dussel e na pós-modernidade, é possível aplicar o ensinamento paulino de interdependência.
Essa liberdade do outro ser distinto de mim, além de demonstrar a diversidade, é importante por ser uma caminhada constante de aprendizado, já que, sendo o outro um mistério, sempre terá algo a ensinar. Conforme diz Dussel (1973, p. 133): “Nenhum discípulo é puramente discípulo, nenhum mestre é puramente mestre”. Diante disso, é imprescindível deixar a presunção de ser detentor de todo o conhecimento e buscar escutar quem é diferente. Seja diferente nos dons e características, seja diferente no tempo de caminhada, seja diferente no conhecimento bíblico.
Adotar essa postura, evidencia o reconhecimento de nossa humanidade e finitude. Aliás, o perfil do líder cristão do século XXI, que pode servir para todos os cristãos, de acordo com Henri Nouwen (2018), não é o autossuficiente, heroico, mas é o que se preocupa mais com as pessoas em suas vulnerabilidades do que com a relevância, o sucesso e o poder. Escutar o outro humildemente é um desafio em tempos em que todos só querem falar por meio das redes sociais, por estas proporcionarem algum tipo de voz, mas escutar faz parte da interdependência que resultará em amadurecimento.
Além da interdependência, pode-se dizer que é fundamental incentivar uma leitura bíblica que desenvolva o compromisso integral com o senhorio de Jesus. Isto é, “a leitura bíblica não se resume à compreensão dos sentidos do texto, mas envolve a vivência desses sentidos possíveis” (Zabatiero, 2017, p. 150). Como o próprio autor propõe, o conhecimento não se restringe ao cognitivo, mas envolve a ação, o sentir e o viver, ou o saber-fazer, saber-sentir, saber-viver. Aqui é possível observar novamente a abordagem das características pós-modernas, que não são exclusivamente relacionadas ao racional, mas consideram a integralidade da vida.
Em 2017, tive a oportunidade de fazer um intercâmbio de 3 meses na Holanda e, durante uma visita em uma igreja, uma senhora, com pesar, me disse: “Nós ensinamos a Bíblia para nossos filhos desde crianças, mas ao irem para a faculdade ou trabalharem em outra cidade, nunca mais voltaram à igreja”. Não tenho intenção de entrar no mérito de supor que frequentar a igreja deve ser o parâmetro para a maturidade da fé de uma pessoa — esse assunto poderia compor outro texto —, mas, de uma forma ou de outra, essa fala reflete a realidade na qual vivemos. Sendo assim, parece ser importante uma leitura e interpretação da Bíblia que vá além do racional e é integral: envolve relacionamentos, sentimentos, vivências que reforcem o compromisso com Jesus.
Comprometer-se integralmente com o senhorio de Jesus também é comprometer-se uns com os outros em postura de serviço (Jo 13.3-17, Fp 2.8-11). Novamente, estamos diante de um paradoxo, porque, mesmo com uma concepção de comunidade ou de grupo, falar em serviço no século XXI talvez seja confrontador, pois é um momento no qual a tecnologia avança justamente para servir ao ser humano e, assim, se corre o risco de ter uma indisposição para servir aos outros. Porém, as Escrituras são, também, para exortação, correção e mudança de vida (2Tm 3.16-17). Como já dito há pouco, o serviço ou trabalho interdependente é para a unidade, amadurecimento e conhecimento do Filho. Portanto, uma leitura comprometida integralmente com o senhorio de Jesus está ligada diretamente com a interdependência.
Considerações finais
Ao continuar a leitura do trecho de Efésios 4, observa-se que Paulo coloca, como propósito da maturidade, impedir que o indivíduo seja levado por qualquer vento de doutrina. Isso é especialmente desafiador na pós-modernidade, pois, como destacado anteriormente, a diversidade e pluralidade são características deste tempo. Entretanto, parece que, mais eficiente do que combater de forma ferrenha o que é pós-moderno, é saber dialogar de forma a conduzir os jovens à maturidade, em meio ao contexto atual. Isso só é possível ao conhecer a realidade e as necessidades locais, o que torna fundamental uma reflexão teológica a partir do olhar brasileiro.
Diante do que foi considerado neste ensaio, pode-se levantar alguns questionamentos que exigem um olhar para a realidade local: Como é nossa relação com a criação e o como temos abordado esse tema com nossos jovens? Como é nossa relação comunitária e como temos tratado a questão da diversidade de dons e características? Como temos feito e ensinado uma leitura bíblica que visa o comprometimento integral com o senhorio de Jesus, que é refletido na interdependência, em humildade, vulnerabilidade e no serviço ao outro? As respostas para essas perguntas podem gerar outras perguntas, bem como instigar ideias, mas espero que, por meio delas, seja possível ajudar jovens a alcançar a maturidade da fé, com a medida da plenitude de Cristo.
[1] Apesar de ter um consenso a respeito dos termos, neste ensaio, seguiremos a compreensão de Grenz (2008). A pós-modernidade será entendida como a era emergente na qual vivemos. Já o pós-modernismo, será entendido como uma atitude intelectual e cultural presente na pós-modernidade, ou seja, possui relação com a forma de pensar e compreender o mundo.
[2] Essa não é uma referência aos textos bíblicos do Evangelho de João. A verdade, neste caso, é referência as leis universais da matemática e outras ciências exatas que foram aplicadas nas ciências sociais no modernismo, conforme aborda Boaventura de Sousa Santos (2008).
Referências bibliográficas
DANIEL, John. Educação e tecnologia num mundo globalizado. Brasília: UNESCO, 2003.
DUSSEL, Enrique. Para uma ética da libertação latino-americana I: Acesso ao ponto de partida da ética. São Paulo: Edições Loyola-UNIMEP, 1982.
GONZÁLEZ, Justo L. Desafios do Século XXI para o pensamento cristão: esboços teológicos. São Paulo: Hagnos, 2014.
GRENZ, Stanley J. Pós-modernismo: um guia para entender a filosofia do nosso tempo. São Paulo: Vida Nova, 2008.
NOUWEN, Henri J. M. O perfil do líder cristão do século XXI. 4. ed. Curitiba: Editora Atos, 2018.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Um discurso sobre as ciências. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2008.
SOUSA, Ricardo Barbosa de. O caminho do coração: o sentido da espiritualidade cristã. Viçosa: Ultimato, 2017.
ZABATIERO, Julio. Hermenêutica contextual. São Paulo: Garimpo editorial, 2017.
Sobre o autor
Felipe Nakamura é Mestrando em Educação na Universidade Estadual de Londrina; Graduado em Teologia; Tutor na Faculdade Teológica Sul Americana.
Contato com o autor: fe*************@ft**.br